Curiosamente, estamos passando por um momento tão conturbado, onde o direito ao trabalho é uma das questões mais prestigiadas e questionadas.
O dia 1° de maio é marcado pela comemoração do Dia Internacional do Trabalhador em diversos cantos do mundo, dia que marca o movimento operário mundial. No Brasil, a data é celebrada com feriado nacional.
Você sabe o que está por trás desta data tão relevante e como ela surgiu?
Curiosamente, estamos passando por um momento tão conturbado, onde o direito ao trabalho é uma das questões mais prestigiadas e questionadas. E enquanto a situação não melhora, convivemos com o dilema entre a economia e a saúde, entre evitar a doença ou o desemprego, entre se expor ou se proteger, trabalhar ou ficar em casa.
Bem, não é por acaso que temos essas opções de escolha. Os direitos básicos de um trabalhador não passaram a existir do dia pra noite, e não foi em uma negociação simples entre patrão e empregado. Para que todo trabalhador tivesse direito a trabalhar, com horários estipulados por lei, férias, FGTS, horas extras, entre outras muitas garantias, só passaram a existir após uma série de reivindicações, lutas e até mortes.
Mas onde isso começa?
Talvez em 1° de maio de 1886, quando uma série de protestos de trabalhadores americanos tomou as ruas de Nova York, Chicago e Milwauke, reivindicando a redução da jornada de trabalho diária, que chegava a 17 horas, para 8 horas, além de melhores condições de trabalho. Estes protestos duraram dias, e 40 mil trabalhadores cruzaram os braços em Chicago, enquanto mais de 80 mil pessoas protestaram por direitos trabalhistas. Os protestos caminhavam pacificamente, até o terceiro dia.
No terceiro dia de protesto, grupos contra a greve entraram em confronto, a polícia resolveu intervir, atirando em meio a multidão, matando duas pessoas. Deu-se início, então, a um conflito que geraria outros protestos.
No dia 4 de maio, líderes do movimento discursava para mais de três mil pessoas, até então, pacificamente, até que, ao fim do discurso, a polícia entrou em cena, dispersando a multidão. A explosão de uma bomba caseira foi o início de mais um confronto, ainda mais sangrento, resultando na morte de ao menos 4 trabalhadores e 7 policiais.
O confronto resultou na prisão do líder anarquista August Spies e outras sete pessoas. Condenados por assassinato, Spies e outras três pessoas foram enforcadas em 11 de novembro de 1887. Um outro acusado suicidou-se na véspera de sua execução, enquanto outros três foram condenados à prisão perpétua.
Onda de protestos
A condenação gerou revolta e culminou em uma nova onda de protestos, dessa vez, em diversas partes do mundo. alguns dos acusados, sequer estavam no local de protesto. Em 1893, o governador do estado de Illinois perdoou os três sobreviventes, concluindo que todos os outros também eram inocentes. Eles ficaram marcados como mártires, que morreram lutando pelos direitos trabalhistas. O episódio ficou marcado como “O crime de Chicago”.
Ou, quem sabe, essa história comece em 1889, quando o Congresso Operário Internacional decretou o dia 1º de maio como o Dia Internacional dos Trabalhadores, em Paris. A luta dos trabalhadores mortos na luta por melhores condições de trabalho ganhou uma homenagem, também em nome dos milhares de demitidos, presos e torturados durantes e após os protestos nos Estados Unidos.
Reivindicações no Brasil
No Brasil, as primeiras reivindicações começaram em 1891, principalmente nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. Em 1917, 50 mil trabalhadores resolveram paralisar seus trabalhos em São Paulo.
Em 26 de setembro de 1924, o 1° de maio foi oficializado feriado no Brasil, através do decreto 4.859, pelo presidente Arthur da Silva Bernardes (1922-1926). Durante as décadas de 1930 e 1940, o presidente Getúlio Vargas passou a divulgar mudanças e benefícios trabalhistas no dia 1° de maio, entre eles, a garantia do salário mínimo, sendo reajustada anualmente, garantindo as necessidades básicas do cidadão, como alimentação, moradia, educação, saúde, entre outros, outra conquista foi a criação da justiça do trabalho, que tinha como intenção garantir os direitos dos trabalhadores.
Abaixo, segue o discurso de Getúlio Vargas, em 1940, sobre essas conquistas.