“quem tem capacidade de parentar, quem tem capacidade de maternar, de paternar, tem amor suficiente para uma vida toda.”
Atualmente, mais de 40 mil crianças aguardam por adoção no Brasil.
A advogada Silvana Moreira conta um pouco de sua experiência com este assunto tão delicado e apaixonante. confira.
Quem é a Advogada Silvana Moreira?
– Eu sou uma alagoana, nascida em janeiro de 1960, em Maceió, formado em Direito e em letras, que um dia, ao se habilitar adoção, se apaixonou pela causa da doação. E desde então, estou me dedicando essa área, que é a área da Criança e do Adolescente, na parte protetiva e também no direito das famílias.
– Eu era um advogada Empresarial, com especialização em Direito Empresarial, MBA pela FGV em direito econômico, com toda minha base em Direito societário, inclusive é um direito que, financeiramente, é bastante promissor. Mas aí, a gente se apaixona, a gente tem que seguir o coração.
Os desafios
– O que leva crianças e adolescentes ao acolhimento institucional é justamente a falha nas famílias, mas principalmente, a ausência de políticas públicas. A gente não pode simplesmente colocar na mão da família toda essa responsabilidade, quando falta escola, quando falta emprego, quando falta saúde, quando falta habitação. A falta de responsabilidade parental também existe, existem os maus tratos que a independe de muita coisa. Depende, de uma certa forma, da educação de base.
– Então, falta! Faltam assim políticas públicas, e falta, em algumas famílias, essa capacidade de aparentar, essa capacidade de cuidar, de amar. E por isso tantos abandonos, tantos maus tratos, tantos abusos sexuais, que é uma coisa que a gente não pode esquecer, principalmente, o mês de maio, de todos os anos, é o mês de “maio laranja” pois é um mês de muitas datas, é dia das mães, é dia da adoção, e é dia de combate à exploração sexual de crianças e adolescentes.
– A gente precisa estar apto a entender os sinais, e os sinais são muito claros. E o abuso sexual leva muitas crianças até o acolhimento institucional. Muitas!
Como ajudar?
– Falar! falar como eu tô falando agora, tentar dar visibilidade, tirá-los da invisibilidade e dar visibilidade a essas crianças e adolescentes. Mas não pode ser um trabalho de um sozinho, tem que ser um trabalho sociedade civil inteira, e a gente precisa ter um olhar de cuidado especial para elas.
– Se a gente continua fechando o vidro no sinal para aquelas crianças que estão jogando aquelas bolinhas, se a gente continua achando que é normal uma mãe, na rua com três crianças no colo, pedindo esmola, se a gente continua a simplificar a miséria, a tragédia a gente não tá fazendo nada.
Já pensou em desistir?
– várias vezes já pensei em desistir. Várias e várias vezes, cansa. Dá vontade de jogar tudo para o alto e ir embora, porque cansa! Juro para você que cansa, passar numa Vara da Infância, 3 4 vezes por semana e perguntar já foi digitado a guarda provisória, já tá pronta decisão, então cansa, cansa, Sabe? Às vezes eu chego no escritório e digo: Gente, parei, parei, vou voltar a fazer contrato, vou voltar… Não aguento mais porque dói, dói, a gente sofre!
– Cada adoção para entrega de certidão de nascimento é uma felicidade inenarrável.
E o que te motiva?
– O que mais me motiva nessa caminhada, né?! Essas famílias formadas, essas crianças adotadas, esses adolescentes empoderadas no lugar de filho, essa chance de futuro. E isso que me impulsiona, isso que me dá vontade de trabalhar de continuar nessa luta que é árdua, muito árdua.
– Mas você vê o desenvolvimento, você olha assim, sabe, quando a criança sai do Abrigo e tá um mês na família, a modificação da vida dela, do rosto da expressão. Porque, por melhor que seja o abrigo, existem abrigos excelentes no Rio de Janeiro, principalmente na terceira vara, mas não é lar, não é a mãe, não é o pai, né?!
– Quando a criança se empodera desse lugar de filho, a plenitude é enorme,você não pode imaginar. Uma delícia, uma delícia.
Adote uma criança!
– Se você tem amor pra dar, se você tem condições de ter uma criança, ou duas aí na sua casa, podendo dar para ela amor, carinho, cuidado, educação, saúde, e se você tem essa vontade de parentar, que é necessário ter a vontade, adote uma criança. São tantas esperando por uma família, são tantas esperando por um amor, pelo cuidado. E o mais importante, se adotar, jamais devolva, porque criança não é objeto, criança não é material. Todos nós temos enormidade de vícios ocultos, então os filhos que vêm pela adoção ou pela gestação, também não dar problema, também vão ficar na adolescência dizendo: “Eu nunca pedi para ser seu filho.” Mas isso não importa, quem tem capacidade de parentar, quem tem capacidade de maternar, de paternar, tem amor suficiente para uma vida toda.
Silvana Moreira é mãe de duas filhas, sendo uma delas adotada.
Essa experiência contada por ela, pode ser vista também no vídeo abaixo.
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