No Brasil, as universidades públicas são reconhecidas pela excelência acadêmica. Em rankings internacionais, as instituições de ensino são os destaques do país. Com o avanço da pandemia do novo coronavírus, as universidades públicas do Rio estão empenhadas no combate à doença. Na segunda parte desta matéria, você vai conhecer mais duas iniciativas científicas desenvolvidas pela UFF e pela Uerj. Confira:
3. Professores da UFF criam portal de informações sobre a pandemia de covid-19
O projeto GET-UFF CONTRA COVID-19, desenvolvido por docentes do Departamento de Estatística da Universidade Federal Fluminense (UFF), compartilha informações sobre a epidemia do novo coronavírus. Além de professores e alunos da área, colaboraram na criação do portal a professora Begoña Alarcón, de Matemática Aplicada da UFF, pesquisadores do Núcleo de Estudos Econômicos e Sociais (NEES-UFF) e também o professor Fábio Demarqui, do Departamento de Estatística da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
A plataforma está no ar desde o dia de 20 de março. Em entrevista ao portal de notícias da UFF, Wilson Calmon, integrante do projeto e professor do Departamento de Estatística, explicou as funcionalidades do portal. Segundo ele, a análise desses dados pode auxiliar as autoridades competentes na tomada de decisões no combate à pandemia. Além disso, outro objetivo do projeto é ampliar o poder de informação da população. “Queremos também que o cidadão comum possa ter um canal para buscar informações quantitativas respaldado por uma instituição acadêmica”, destacou.
Rodrigo Dias, estudante e integrante do projeto, explicou que os alunos também participaram em diferentes fases do desenvolvimento da ferramenta. “É um prazer contribuir da forma que for possível. Ressalto a importância de levar dados de qualidade às pessoas, especialmente neste momento em que todos estão recebendo um grande volume de informações e muitos não sabem que conclusão tirar a respeito da gravidade desse cenário”, enfatizou o aluno. Em meio ao avanço da covid-19, Calmon estimula a participação da comunidade acadêmica na iniciativa. “Juntos podemos fazer mais na luta contra essa epidemia.”
4. Uerj desenvolve aparelho que consegue identificar a carga viral do novo coronavírus no ar
Pesquisadores do Laboratório de Radioecologia e Mudanças Globais (Laramg), do Departamento de Biofísica e Biometria da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), desenvolveram um amostrador individual portátil que consegue detectar a presença da Sars-Cov-2 no ambiente. De acordo com portal de notícias da Uerj, o aparelho, batizado de Coronatrack, é de baixo custo e foi inteiramente criado pela equipe de cientistas da universidade.
Segundo o pesquisador Heitor Evangelista, que também é professor de Biofísica da Uerj, o protótipo completo custou cerca de R$200, enquanto um similar importado sairia por R$4.000. Assim, o modelo brasileiro custa 20 vezes menos que o estrangeiro. O design do equipamento é simples: com o auxílio de uma impressora 3D, os pesquisadores confeccionaram uma pequena caixa que armazena uma minibomba, um compartimento para bateria e uma placa GPS. Além disso, o aparelho conta com entrada e saída de ar e um botão liga-desliga.
O equipamento foi projetado para ser leve, devendo ser acoplado à peça de roupa do usuário, como, por exemplo, ao cinto. Para funcionar, a caixa precisa ser ligada à mangueira com filtro para o vírus, capturando-o. Em entrevista à Agência Brasil, Evangelista explicou um pouco mais sobre o funcionamento do aparelho. “Ele vai concentrando o vírus e no fim do expediente aquele material com o vírus acumulado é levado ao laboratório para ser analisado”.
A proposta do projeto é mapear a concentração do vírus na cidade do Rio de Janeiro, por meio de amostras locais e trajetos. Além de auxiliar as autoridades locais em quais locais precisam adotar medidas restritivas mais rígidas, a invenção da Uerj pode ser mais um recurso, de baixo custo, no combate à subnotificação de casos. “Com esse sistema, ao invés de medir individualmente as pessoas, você monitora uma área. Isso pode dar uma luz maior sobre essa questão”, explicou o professor. O pesquisador destacou também que o aparelho não se restringe a espaços abertos, podendo ser utilizado em ambientes fechados públicos e privados.
Os testes iniciais foram promissores; agora, os pesquisadores trabalham no desenvolvimento do produto para fabricação em massa e registro de patente. O protótipo está sendo testado no Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe). O material coletado é analisado no Laboratório de Histocompatibilidade e Criopreservação (HLA) da Uerj por meio da testagem RT-CPR. No momento, a equipe busca apoio do poder público ou da iniciativa privada.
Fontes: UERJ, Agência Brasil, UFF