Assustado com o preço do tomate? Ele é um dos alimentos que estão pressionando a inflação. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 12 meses, o tomate avançou 66,36%, abaixo apenas da cenoura, cujos preços dispararam 121,64%. Coitado do coelhinho! O preço do quilo do tomate apresentou alta em 16 capitais, exceto em Aracaju (-2,52%). As principais elevações ocorreram em Curitiba (57,73%), Campo Grande (51,74%), Rio de Janeiro (47,31%), Florianópolis (36,24%) e São Paulo (35,36%). Vamos entender o causou esse aumento?
Fim da sagra de verão
João Paulo Bernardes Deleo, pesquisador de hortaliças do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vincula a alta de preços a vários fatores. O primeiro está relacionado ao fim da safra de verão, o que pressiona os preços.
Endividamento de agricultores
Outra situação agravante é que muitos agricultores estão reduzindo a área plantada de tomate por estarem endividados. Segundo o pesquisador, do início da pandemia em 2020 até 2022, houve queda de 20% na área plantada, o que para ele é um nível preocupante. “São dívidas que se arrastam por algum tempo e, mais recentemente, essas reduções de áreas ocorreram também pelo forte no aumento de custo de produção, dificuldade de arrendamento de área. O agricultor também vai em busca de culturas mais atrativas”, explica.
Clima e custos de produção
Thiago de Oliveira, chefe da seção de economia da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (Cegeasp), acrescenta que essa redução de área também está relacionada ao clima e aos custos de produção. Segundo ele, no ano passado, ocorreram muitas geadas, fazendo com que o produtor tivesse perdas. E, para plantar em novembro a fim de fazer a reposição, a alta do dólar deixou muito mais caro o preço dos insumos, levando o produtor a reduzir a área plantada.
Chuvas em excesso no Sudeste e seca no Sul
Os efeitos climáticos se intensificaram em janeiro e novembro, com chuvas em excesso no Sudeste e seca no Sul. No País, há 30 grandes regiões produtoras no Nordeste, Sudeste e Sul, principalmente em Itapeva (SP), Caçador (SC), Irubici (SC) e região de Venda Nova do Imigrante (ES).
Queda na qualidade do produto
Oliveira explica que não houve falta do produto, mas queda na qualidade. A chuva no Sudeste e a seca no Sul levou o atacado a procurar tomate no Centro-oeste, como Goiás, que produz mais para a indústria do que o fruto de mesa. “Tem lugares em Minas onde choveu semanas sem parar. Mesmo colhendo, o produto perde a qualidade”, explica.
Previsão de baixar o preço
Para Oliveira, a tendência é a de que o preço recue nas próximas semanas. Ele avalia também que o preço do tomate chegou ao seu nível máximo. “Está chegando no limite do preço, chegou no teto e não tem como subir mais. E isso já é refletido no mercado. A cada cotação, os preços vêm diminuindo, mas estão em patamares elevados.”
Fonte: Revista Globo Rural, Bem Paraná