O cinema é uma das formas de entretenimento mais consumida no mundo todo. Para quem gosta, não há nada melhor que assistir um filme que vai fazer você esquecer durante um tempo de todos os problemas que existem e te fazer mergulhar num mundo de fantasia por algumas horas.

Mas o cinema pode ser usado de várias maneiras diferentes. Nos anos 1970 e 1980, os Estados Unidos produziram uma série de filmes que foram classificados como “anticomunistas”, sempre exaltando o exército estadunidense e trazendo como inimigo comum um país que segue uma doutrina diferente da sua. Anos antes do início da segunda guerra mundial e durante os primeiros anos do conflito, a Alemanha nazista utilizou o cinema como forma de propaganda do governo de Hitler (com um belo empurrãozinho de Hollywood, diga-se de passagem…). Logo após a segunda guerra mundial os cineastas italianos criaram o movimento neorrealista, que contava de maneira direta, e até certo ponto crua, a realidade que o país enfrentava no pós-guerra: fome, desemprego, desesperança e instabilidade política. Ou seja, um cinema que convida seu expectador a sair da zona de conforto e compreender outras realidades e, de certa forma, procurar compreender outras sociedades.

Pensando nisso, aqui vai uma lista de filmes pra você assistir, refletir, sair da zona de conforto e compreender outras possibilidades.

1. MAUS (2017)

Escrito e dirigido por Geraldo Herrera Pareda, MAUS é um filme de terror que tenta trazer à tona o que há de mais assustador: os traumas da guerra. No filme, um casal se perde numa região florestal da Bósnia e as memórias devastadoras do conflito ocorrido naquela região nos anos 1990 assombram continuamente a protagonista Selma. O filme traz uma reflexão sobre traumas, sobre tolerância religiosa e o final reserva uma surpresa que pode fazer você ficar alguns momentos tentando entender o que houve ali. Ou seja, muito bom! Disponível em: Netflix

2. A SEPARAÇÃO (2011)

O cinema iraniano sempre reserva boas surpresas pra quem anda um pouco cansado das mesmices de Hollywood. E melhor: o cinema iraniano é uma das melhores alternativas para quem ama a sétima arte. Escrito e dirigido por Asghar Farhadi, o longa conta a história de Simin e Nader, um casal que está enfrentando um dilema no casamento. E o nome “separação” não se resume apenas ao casal. Tal dilema também atinge a filha do casal que se vê dividida entre ir morar com o pai ou com a mãe. E há inserido no filme uma separação cultural: até que ponto a tradição pode aceitar a modernidade? Ou melhor: até que ponto a modernidade deve respeitar a tradição? Uma excelente obra que procura debater o individualismo e o respeito as necessidades alheias.  Disponível em: Globoplay.

3 . PARASITA (2019)

Parasita é o clássico instantâneo do grande diretor e roteirista coreano Boon Joon-Ho. O longa se tornou um dos filmes mais comentados do ano passado, recebendo inúmeras premiações em todos os festivais que esteve presente. A história gira em torno da família Ki-Taek onde todos os seus membros estão desempregados e tendo que se virar para conseguir sobreviver. Em uma oportunidade única, a família Ki-Taek vê a chance de se dar bem na vida quando a filha de uma família rica precisa ter aulas particulares de inglês. Essa é a deixa perfeita para penetrar todos os Ki-Taek na casa da família burguesa. Porém a partir do convívio entre as duas famílias a dúvida surge: Quem é o verdadeiro parasita? Uma excelente obra que trabalha muito bem a luta entre classes e as desigualdades do mundo capitalista. Disponível em: NOW

4. EU, DANIEL BLAKE (2016)

Escrito por Paul Laverty e dirigido de forma excepcional por Ken Loach, o filme conta a história do carpinteiro Daniel Blake que foi afastado de seu emprego por conta de um ataque cardíaco e agora precisa lutar contra o sistema burocrático estatal para conseguir seus direitos. O longa é uma profunda e direta crítica ao aparato do Estado que sempre visa os interesses de uns (ricos) em detrimento dos interesses de outros (pobres). Apesar disso, o filme não peca em cair numa crítica barata e rotineira contra o sistema capitalista, pelo contrário. O tempo todo o filme tenta trazer o fato de que Daniel é um ser humano. Um ser humano que precisa ser respeitado e que luta por uma mudança no sistema para que outros assim como ele possam ser devidamente representados. Disponível em: Netflix.

5. GUERRA AO TERROR (2008)

Até que ponto uma política de ódio chegaria para manter uma guerra em território inimigo? Até que ponto os governos estão dispostos a chegar para saciar a sede de lucro? A vida do meu inimigo é totalmente descartável? O meu governo julga a minha vida descartável? Se eu for à guerra para defender os interesses do meu governo, estarei defendendo os interesses dos meus iguais? Por que meu governo quer destruir a cultura de um povo, roubar seus recursos naturais e impor um imperialismo tardio enquanto em meu país as pessoas morrem por não terem dinheiro pra pagar uma consulta médica? Guerra ao terror? Quem é o verdadeiro terrorista?Dirigido por Kathlyn Bigelow. Disponível em: Google Play Filmes

6. VERGONHA (2011)

Escrito pela grandiosa Abi Morgan e dirigido pelo extraordinário Steve McQueen, essa obra fala sobre família, intimidade, mas principalmente vício. O longa conta a história de Brandon, um publicitário bem sucedido que se tornou apático ao mundo e que baseia sua vida na busca incansável por prazer sexual. Tudo isso muda quando a sua irmã com tendências suicidas se muda para seu apartamento. A obra, que é descrita como um drama erótico, não faz do sexo um atrativo para o público mas sim uma temática profunda para debater a diferença entre vício e necessidade, entre prazer e costumes e também entre solidão e convívio familiar. Extremamente necessário. Disponível em: Google Play Filmes.

7. THE INVITATION (2015)

Dirigido de forma espetacular por Karyn Kusama, The Invitation já é um clássico do catálogo da Netflix. O filme conta a história de Will, um homem que recebe um convite de sua ex-esposa para jantar em sua casa e reencontrar seus velhos amigos. Desde o primeiro momento em que Will chega com sua nova namorada na casa da ex-esposa, as coisas parecem fora do normal e Will parece ser o único a perceber. O filme é uma grande e suntuosa alegoria sobre família, egoísmo, altruísmo mas principalmente um alerta ao poder devastador de uma crença. Vale muito a pena tirar umas horas do seu dia para assistir ao filme e debater com seus amigos. Disponível em: Netflix.

** Menção honrosa: O Hospedeiro e Okja, ambos do diretor Boon Joon-Ho, disponíveis na Netflix.

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