O Dia da Mulher Negra foi criado em 1992, sendo o mesmo dia em que é comemorado o Dia Nacional de Tereza de Benguela, uma líder quilombola que viveu no atual Estado de Mato Grosso, durante o século XVII.

A história do que é ser uma mulher negra aqui no Brasil traz dores porque foi iniciada pela dor. Quando falamos do que é ser negro no Brasil, falamos de dor. Mas quando falamos especificamente do que é ser uma mulher negra, abrimos um leque de tipos de exploração.

Como mulheres negras, carregamos um misticismo de força infinita. Quantas vezes você já escutou que negras são mais fortes emocionalmente e fisicamente? Tenho algo a te dizer sobre isso… é racismo. O racismo científico, impulsionado no século XVII, trouxe a falsa teoria das raças humanas e a animalização e inferioridade dos povos negros. Pelo médico, botânico e zoólogo Carl Linnaeus (1707–1778), a mulheres negras eram fêmeas sem vergonha que tinha glândulas mamárias que davam leite abundantemente.

Fêmeas sem vergonha. Globeleza. Mulata. A hiper sexualização da mulher negra vem da exploração escravocrata, onde mulheres negras foram usadas como amantes, prostitutas, e vítima de estupros. Atualmente, não vemos claramente essa objetificação, mas ouvimos coisas como “as pretas são melhores na cama” e “essa aí só serve pra fazer filho”.

Hoje, o racismo vem de outras formas, mas continua presente. O fato de você pensar em luta, força e resistência quando se fala sobre mulheres negras é fruto de um sistema que nos oprime. De fato, somos fortes e resistentes, mas por sobrevivência. Somos mais que nossas lutas, mais que nossas militâncias e mais do que os estereótipos que a sociedade propaga. Somos mulheres, mães, filhas, professoras, jornalistas, economistas, manicures, advogadas, biólogas, enfermeiras, Beyoncés, Marielles, Dandaras, e tudo o que quisermos ser.

Todos os dias estaremos de pé para conquistar o que quisermos.

Dedico à Raimunda, Jeniffer, Rose, Rejane, Vitória, Elaine, Rebeca, Izabela, Kayane, Mariana, Jéssica, Karol, Beatriz, mulheres pretas que me inspiram.

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