Quem nunca ouviu a frase “política e futebol não se discutem” ou ainda “política e futebol não se misturam”?
Essas duas frases são conhecidas da maioria da população e, por muitas vezes, repetidas à exaustão numa tentativa (falha) de torná-las verdadeiras. O que acontece de fato é que tudo é política. Não existe uma única atitude social, moral, individual ou coletiva que não passe pelo filtro da política e por ele seja influenciada. Tentar fugir da política ou agir fora dela é como respirar embaixo d’água: impossível.
O futebol, um esporte extremamente popular no mundo todo, não foge dessa regra. Recentemente, o lateral-direito Rafinha anunciou sua saída do Flamengo para o Olympiakos da Grécia. Muito se especulou sobre a saída do jogador do time carioca e a torcida ainda o acusou de “mercenário”. Em entrevista coletiva, o vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz, comentou a saída de Rafinha:
“Quando a gente tenta convencer um jogador que está na Europa a vir pro Flamengo, não estamos convencendo ele a trocar o time que ele tá pelo Flamengo. Estamos convencendo ele a trocar o país que ele tá pelo Brasil. Estamos convencendo ele a trocar a segurança financeira que tem, pela segurança financeira do Brasil.”
O comentário de Braz traz a tona uma pergunta: Política e futebol realmente não se misturam?
A Grécia, recentemente, endureceu ainda mais as medidas restritivas em relação a pandemia do coronavírus. Construiu postos de atendimento à população para que pudessem se consultar sobre possíveis casos positivos e garantir atendimento caso necessário. A Grécia, que a pouco tempo passou uma forte e grave crise econômica, vem se recuperando aos poucos graças a estratégias econômicas pensadas diretamente na recuperação fiscal.
Todas essas decisões passam pelo filtro da política, e todas elas em conjunto contribuíram para a saída de Rafinha do Flamengo.
O Flamengo é o clube que fugiu de responsabilidades jurídicas no caso dos meninos mortos no incêndio no Ninha do Urubu e que vem tentando amenizar a indenização que precisa pagar. O Flamengo é o clube carioca que mais pressionou pela volta do futebol, mesmo com o país batendo a casa dos 80 mil mortos pelo Covid-19 na época. O Flamengo é clube cujo o presidente de futebol sempre alega que “política e futebol não se misturam” mas faz questão de tirar foto com o presidente da república dentro da sede do clube.
As decisões tomadas pelo clube passam pelo crivo da política e são influenciadas por ela. Não existe a história de que política e futebol não se misturam.
Futebol é política.
Tudo é política.