O cinema é uma das formas de entretenimento mais antiga e mais adorada por todo o mundo. Desde seus primórdios, a sétima arte vem causando prazer e deleite a todos aqueles que se deixam levar pelas imagens que passeiam nas telonas. Porém o cinema também é uma arma poderosa nas mãos de pessoas que o utilizam para propagar ideias e perpetuar conceitos.
Em seus primeiros anos de existência, no final do século XIX e início do século XX, o cinema gerou uma grande admiração (e também um certo espanto) na população europeia. Era uma grande novidade, um grande salto tecnológico, uma inovação no mundo da comunicação… E isso não passou despercebido por Adolf Hitler.
Hitler era um fanático por cinema. Em sua casa ele tinha uma sala especial para a exibição de filmes. Seus assistentes, sempre presentes, anotavam em um caderninho a reação de Hitler a um filme: Hoje o führer achou o filme engraçado. Hoje o führer achou o filme interessante no início, mas o final não o agradou. Hoje o führer ordenou que a exibição do filme fosse interrompida pois não havia gostado.
Não demorou para que essa paixão de Hitler por cinema se tornasse uma arma de propaganda política e ideológica do governo nazista.
Entre 1933 e 1935, Hitler, com a colaboração, produção e direção de Leni Riefenstahl, uma imponente e importante cineasta alemã, produziu uma série de documentários sobre o Partido Nazista Alemão. O primeiro, Der Sieg des Glaubens (A Vitória da Fé), mostrava o cotidiano de Hitler como um líder carismático e atencioso a população. O último, Tag Der Freiheit: Unsere Wehrmacht (O Dia da Liberdade), mostra o dia a dia dos soldados nos treinamentos, mostrando a Hitler suas habilidades aprendidas durante a concentração. O mais importante e imponente filme da trilogia (e também o mais conhecido) é Triumph des Willens (O Triunfo da Vontade), que mostra toda a força da Alemanha nazista. O filme, infelizmente é tecnicamente muito muito bonito. Muitas das técnicas utilizadas por Riefenstahl foram tidas como padrão para outros documentários que viriam a surgir a partir de então.
A paixão de Hitler por cinema transformou a arte em propaganda. O que, a princípio, funcionou. Pois os filmes intimidaram muitos dos inimigos de Hitler na época.
Outro a utilizar o cinema como forma de propaganda foi Benito Mussolini, ditador fascista da Itália que ascendeu ao poder nos anos 20 do século passado. Após criar o Cinecittà, em 1937, o governo de Mussolini passou a produzir em larga escala filmes de propaganda favoráveis ao governo. Como foi o caso de O Navio Branco de 1941 e O Homem da Cruz de 1943, ambos dirigidos por Roberto Rosselini (que mais tarde entraria para o movimento neorealista, que produzia filmes acusando todas mazelas geradas pela guerra e pelo fascismo de Mussolini). Tais filmes mostram o poderio bélico da Itália, sempre numa tentativa de trazer ao espectador italiano uma ideia de país forte e soberano e ao espectador estrangeiro uma ideia de inimigo invencível.
Ainda hoje, porém em menor escala, utiliza-se o cinema como propaganda. Quantas vezes já nos deparamos com filmes estadunidenses, por exemplo, que mostram todo o poderio bélico do país. Ou como os cientistas dos EUA sempre têm a solução para todas as mazelas da humanidade. Isso é cinema de propaganda, em menor escala, velado, porém ainda uma propaganda. O cinema, infelizmente, não é apenas uma arte. É arma política. Porém é necessário lembrar: tudo é política.[1]
[1] FONTES: Urwand, Ben. O Pacto entre Nazismo e Hollywood.
Ascheroff, Dalton. Nova Realidade: o cinema italiano da guerra fria e sua influência na cultura e política brasileira