Como deve ser vista a educação sexual?
Educação sexual é ensinar e esclarecer dúvidas relacionadas ao sexo sem preconceitos, e tem como objetivo principal preparar os adolescentes para uma vida sexual segura. Durante a última eleição o tema foi muito discutido, em função da polêmica do “kit gay” (que nunca existiu), a história mostrou o quanto a educação sexual ainda é cercada por mitos e tabus.
Este processo de educação sobre sexualidade tem sua importância relacionada à prevenção de diversas situações indesejadas, como doenças sexualmente transmissíveis, gravidez na adolescência, experiências sexuais traumáticas. A Organização das Nações Unidas (ONU) considera que a educação sexual está relacionada aos direitos humanos, direitos das crianças e jovens à saúde, educação, informação e não discriminação. Por essa razão, a ONU é favorável a implementação de um currículo para educação sexual nas escolas.
“Sex Education”, série da Netflix que fala sobre educação sexual
Esse ano a Netflix lançou a segunda temporada de “Sex Education”, uma série de comédia e drama britânica criada por Laurie Nunn. A série conta a história de Otis, um adolescente de 16 anos, virgem, que está sentindo sua sexualidade aflorar. Sua mãe é terapeuta sexual, então desde cedo ele absorve conhecimento sobre sexo, que muitas vezes é tratado como um tabu dentro de casa. Apesar de viver em um lar muito liberal, Otis se sente constrangido quando o assunto é a sexualidade dele, esse constrangimento se torna maior ao ver que todos os alunos de sua escola também estão se descobrindo sexualmente. Vendo seus colegas enfrentando mitos sobre problemas sexuais, o garoto começa a dar conselhos para eles em uma espécie de clínica clandestina dentro da escola.
A série possui um elenco diversificado e cada personagem tem sua importância para a história, entre eles, Eric o melhor amigo de Otis que assume ser gay e sofre com homofobia, busca se libertar da rotina conservadora e expectativas de sua família religiosa, e passa a aceitar a si mesmo e suas origens. As personagens femininas são empoderadas, mostram a importância da união feminina, da sororidade e conhecimento do próprio corpo. Durante a segunda temporada, a personagem Aimee sofre assédio sexual no transporte público e tenta lidar sozinha com essa experiência traumática. Por falta de informação ela tem medo de denunciar.
Importância de levar o tema às escolas
A educação sexual pode combater abusos sexuais contra crianças e adolescentes. De acordo com registros do Sistema Único de Saúde (SUS) divulgados em novembro de 2018, 49,5 mil meninas de 10 a 19 anos foram estupradas de 2011 a 2016, média de 23 por dia. Em 58% das ocorrências, o crime aconteceu dentro de casa: 36% dos autores eram familiares. Apesar dos dados, o presidente Jair Bolsonaro defende que “Quem ensina sexo para a criança é o papai e a mamãe”, como afirmou em transmissão ao vivo em sua página no Facebook. A sala de aula é um espaço de conversa que previne muitas violências, porque para uma criança saber que foi abusada, ela precisa saber o que é abuso e ter confiança em alguém que ajude a denunciar.
Enquanto o Brasil apenas discute o futuro da educação sexual nas escolas, na Alemanha, as aulas são lei em todos os 16 estados, a Holanda procura tratar do assunto desde os 4 anos de idade, correspondendo às dúvidas de cada faixa etária. Na Irlanda, o ensino básico conta com a disciplina Educação Social, Pessoal e para a Saúde que, entre outras questões, fala de sexualidade. O Ministério da Educação da Inglaterra recomenda que as escolas do 1º ao 6º ano tenham um programa de educação sexual e de relacionamento.
A produção da Netflix se aprofunda em temas muito importantes para o desenvolvimento de um adolescente, como: Sexualidade, aceitação, métodos contraceptivos, aborto, igualdade de gênero, liberdade de expressão, abusos, preconceitos, entre outros. A série é necessária para o público, desmitifica o sexo de forma descontraída e mostra que a chave para quebrar tabus é a comunicação, compreensão e o conhecimento!
